O líder do governo na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), voltou a protagonizar mais um episódio de histeria política ao contestar o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto de combate ao crime organizado, conhecido como PL Antifacção. O parlamentar petista parece ter assumido de vez o papel de defensor incondicional dos interesses do Planalto, transformando qualquer divergência legítima em um ato de “rebeldia” contra o governo Lula.
Lindbergh atacou o parecer de Derrite alegando que o texto representa “o maior ataque da história à Polícia Federal” — uma afirmação que soa mais como retórica desesperada do que análise racional. A proposta, na verdade, busca reforçar o combate às facções criminosas e endurecer a legislação penal contra grupos que dominam territórios e afrontam o Estado. Ainda assim, o líder petista preferiu enxergar no relatório uma “conspiração” contra o presidente.
Ao acusar a Câmara de “deslealdade” com Lula por designar Derrite como relator, Lindbergh deixou claro que sua preocupação não é com a segurança pública, mas com o controle político das pautas. Em vez de defender o país diante do avanço das facções, o deputado parece mais interessado em preservar o monopólio ideológico do governo sobre os temas sensíveis, mesmo que isso signifique atrasar projetos de interesse nacional.
A postura de Lindbergh também revela o autoritarismo velado de quem acredita que toda proposta vinda de fora do círculo petista deve ser automaticamente desacreditada. Sua tentativa de pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta, e até envolver a ministra Gleisi Hoffmann na disputa, escancara o comportamento centralizador e intolerante de um governo que não aceita o contraditório — mesmo dentro do Congresso.
Enquanto o país sofre com a escalada da violência e o fortalecimento das organizações criminosas, o líder do governo prefere travar batalhas políticas para proteger a narrativa do Planalto, em vez de se unir a quem propõe soluções mais duras e eficazes.
No fim, o surto de Lindbergh contra Derrite revela mais sobre o desespero do governo em manter o controle do discurso do que sobre o mérito do projeto. Em vez de se preocupar com a segurança dos brasileiros, o líder petista age como guardião da conveniência política de Lula — e o país continua refém das facções e da vaidade partidária.
**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília




