- PUBLICIDADE -

O retorno de Reguffe e a aposta arriscada em Paula Belmont

Após um período de silêncio e distanciamento da política, o ex-senador Antonio José Reguffe ensaia seu retorno ao cenário político do Distrito Federal — agora, de forma surpreendente, ao lado de Paula Belmont, nome que tenta consolidar-se como uma alternativa na corrida ao Governo do DF em 2026. A aliança, embora estratégica no papel, levanta dúvidas sobre suas reais intenções e a coerência de ambos os personagens diante do histórico que carregam.

Reguffe, que construiu sua trajetória sob o discurso da ética, da coerência e do combate aos privilégios, terminou sua passagem pelo Senado de forma discreta, quase apagada. Ao optar por não disputar a reeleição e se afastar da vida pública, deixou no ar a imagem de um político que se cansou do próprio sistema que criticava — e, agora, retorna justamente para influenciar uma candidatura que carece de densidade política e clareza de propostas. A aparente contradição alimenta críticas: estaria Reguffe retomando o jogo político apenas para garantir espaço e influência, após anos de inércia e distanciamento da população que um dia o elegeu como símbolo da “nova política”?

Do outro lado, Paula Belmont, apesar de seu discurso renovador, acumula polêmicas que enfraquecem sua tentativa de se firmar como alternativa viável. Sua gestão à frente de pautas sociais e comunitárias é vista por muitos como marcada mais pelo marketing pessoal do que por resultados concretos. Além disso, críticas sobre falta de preparo técnico e alianças inconsistentes tornaram-se frequentes. Em um cenário cada vez mais exigente, onde o eleitorado busca líderes com firmeza e competência, Paula ainda não demonstrou maturidade política suficiente para enfrentar uma disputa de alta complexidade como a do Buriti.

A junção entre Reguffe e Belmont parece, portanto, mais um movimento de conveniência do que de convicção. Um político com o capital simbólico de Reguffe se associar a uma figura de reputação instável soa como um gesto calculado — talvez para testar o terreno eleitoral sem se expor diretamente. A ironia é que o ex-senador, que sempre se posicionou contra os acordos de bastidor e as alianças frágeis, agora se aproxima justamente do que sempre combateu: o jogo político movido por interesses e oportunidades.

Em tempos de descrédito generalizado na política, o retorno de Reguffe poderia representar uma voz equilibrada e crítica. No entanto, sua escolha de aliados e o modo como reaparece no tabuleiro indicam um retrocesso em sua própria narrativa de integridade. Paula Belmont, por sua vez, ganha um nome de peso em sua retaguarda — mas o custo dessa parceria pode ser alto, se o eleitor perceber mais oportunismo do que propósito.

No fim, essa reaproximação entre velhos discursos e novas ambições revela o que há de mais comum na política brasiliense: a busca por protagonismo em detrimento de coerência. E o eleitor do DF, já calejado por promessas e decepções, saberá julgar se essa aliança é um passo rumo à renovação — ou apenas mais um capítulo de conveniências e contradições.

**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília

- PUBLICIDADE -
- PUBLICIDADE -
- PUBLICIDADE -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- PUBLICIDADE -