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O Rio sitiado: quando o abandono federal alimenta o poder das facções

Um dado recente da Polícia Civil do Rio de Janeiro revela o tamanho da tragédia que há anos se desenrola diante dos olhos do país: em 77 das 92 cidades fluminenses, o domínio territorial está consolidado nas mãos de facções criminosas. Apenas 15 municípios ainda resistem sem o controle direto desses grupos — um retrato alarmante de como o Estado brasileiro vem perdendo terreno, não apenas em território, mas em autoridade, segurança e esperança.

O que antes parecia um problema restrito às grandes comunidades do Rio de Janeiro se tornou uma epidemia de violência e poder paralelo. Hoje, as facções impõem regras, cobram taxas, controlam rotas e até determinam o que pode ou não acontecer em bairros inteiros. O crime, onde o Estado se ausenta, passou a ser o governo possível.

É impossível discutir esse cenário sem apontar a omissão do governo federal. Enquanto o Rio grita por socorro, o Planalto mantém-se distante, preso a discursos ideológicos e à burocracia que travam qualquer ação real de combate ao crime organizado. O estado fluminense, que já não dispõe de efetivo nem de estrutura suficiente, precisa enfrentar sozinho organizações armadas que contam com poder de fogo, logística e influência muito superiores às forças locais.

A ausência de uma política nacional de segurança pública eficaz — coordenada, integrada e contínua — permite que o crime avance. Faltam investimentos em inteligência, tecnologia, integração entre as forças, e, sobretudo, vontade política. Enquanto o governo federal se esquiva de sua responsabilidade constitucional de garantir a segurança da população, os traficantes e milicianos ocupam os espaços deixados pelo poder público.

O resultado é um estado sitiado. Uma população refém da violência, do medo e da sensação de abandono. Famílias que vivem sob o domínio de facções, policiais que arriscam a vida em batalhas diárias, e gestores locais que clamam por apoio que nunca vem.

Não se combate o crime com discursos ou promessas em entrevistas. É preciso presença, recursos e decisão. O Rio de Janeiro não pode continuar sendo o laboratório do fracasso federal na segurança pública. Cada território tomado, cada vida perdida e cada comunidade silenciada representam não apenas a força do crime — mas a fraqueza de um governo que escolheu olhar para o outro lado.

Enquanto isso, o crime segue governando onde o Estado já não chega. E o silêncio de Brasília pesa tanto quanto os tiros que ecoam nas favelas do Rio.

**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília

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