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PT no DF: entre o discurso de hegemonia e a realidade eleitoral de 2026

À medida que 2026 se aproxima, o cenário político no Distrito Federal começa a se desenhar — e o PT, junto com a esquerda local, tenta se posicionar como protagonista de um projeto de retomada de poder. No entanto, o discurso de força nem sempre se sustenta diante da realidade eleitoral e do desgaste político acumulado ao longo dos últimos anos.

O Partido dos Trabalhadores vive um paradoxo no DF: tem militância ativa, figuras tradicionais como Erika Kokay e um eleitorado fiel nas regiões administrativas de perfil mais popular, mas enfrenta resistência crescente entre servidores públicos, setores da classe média e jovens eleitores. O governo Lula, embora ainda mantenha apoio sólido dentro do núcleo ideológico, não consegue transferir apoio de maneira automática no DF — uma capital marcada historicamente por votações oscilantes e eleições imprevisíveis.

Esquerda fragmentada e sem projeto claro

Um dos maiores obstáculos da esquerda no DF para 2026 é a falta de unidade. O PT tenta assumir a liderança natural do campo progressista, mas enfrenta concorrência de siglas como PSOL, PSB e PCdoB, que buscam protagonismo próprio. Há discursos, há críticas ao governo Ibaneis, mas falta algo essencial: um projeto realista de gestão que vá além da oposição automática.

Além disso, há um desalinhamento evidente entre o discurso da esquerda brasiliense e as preocupações mais urgentes da população. Segurança pública, saúde e transporte são temas que exigem propostas objetivas — e é justamente aí que a esquerda tem deixado lacunas, insistindo em debates ideológicos enquanto o cidadão comum espera soluções práticas.

No DF, os nomes mais evidenciados são o do presidente do Iphan, Leandro Grass (PT) e o do presidente da ABDI, Ricardo Cappelli (PSB), que contam com a simpatia de Lula e ocupam cargos estratégicos no governo federal. Mas quando o assunto é a conquista e convencimento do eleitorado, aí a coisa desanda.

O desafio de romper a bolha

Outro ponto sensível é a dificuldade do PT em dialogar com eleitores que não fazem parte de sua bolha tradicional. A insistência em pautas identitárias e a defesa automática do governo federal podem fortalecer a militância, mas afastam o eleitor moderado — aquele que decide eleições.

No DF, onde grande parte da população depende do funcionalismo público e observa com atenção temas econômicos, reajustes salariais e relação com o Judiciário, o discurso simplista e de confronto nem sempre encontra eco. E isso pode ser decisivo em 2026.

Conclusão: disputar para valer ou repetir 2022?

Se quiser disputar o poder com chances reais em 2026, o PT e seus aliados de esquerda precisam romper com a zona de conforto, apresentar um plano concreto para o Distrito Federal e, principalmente, reconectar-se com o eleitor médio — aquele que vota menos por ideologia e mais por resultados.

A esquerda brasiliense tem força, estrutura e história. Mas, se continuar refém de discursos prontos e disputas internas, entrará nas eleições como coadjuvante — assistindo de longe ao jogo que gostaria de comandar.

**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília

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