O Jockey Club de São Paulo, tradicional símbolo da elite e do glamour paulistano, virou palco de um escândalo que mistura política, dinheiro público e suspeita de favorecimento. Afundado em dívidas de R$ 800 milhões, o clube agora é acusado de ser beneficiário de um esquema de desvio de recursos que deveriam ter sido usados para preservar a história — não para bancar regalias.
No centro do furacão aparece ninguém menos que Marconi Perillo (PSDB) — ex-governador de Goiás, atual presidente do partido e candidato ao governo goiano em 2026 e pré-candidato ao governo de Goiás. O mesmo político que tenta se reposicionar no cenário eleitoral agora enfrenta a sombra de uma denúncia explosiva.
R$ 83,6 milhões em incentivos, notas fiscais suspeitas e empresas fantasmas
Segundo uma investigação do UOL, entre 2018 e 2025 o Jockey recebeu R$ 22,4 milhões pela Lei Rouanet e R$ 61,2 milhões em incentivos municipais (TDC) — dinheiro público, autorizado com a justificativa de recuperar a sede histórica do clube.
Mas os documentos contam outra história:
- Notas fiscais duplicadas e gastos sem comprovação real;
- Despesas incompatíveis com restauração, como vinhos importados, hotéis de luxo, farmácias e até condomínio pago com verba pública;
- R$ 11,2 milhões destinados a uma construtora “de fachada”, a Vidal, registrada em Goiânia, que existe apenas no Instagram e não possui sede física ou sócios identificáveis;
- Pagamentos enviados a cidades que nada têm a ver com o projeto, como Santo Antônio do Descoberto (GO).
E onde entra Marconi Perillo?
Perillo se tornou sócio do Jockey em 2019, logo após perder a eleição para o Senado. Desde 2022, ocupa um confortável assento no conselho do clube. Coincidência ou não, parte do dinheiro público foi parar em empresas goianas vinculadas a ex-assessores e parentes, como é o caso da Elysium Sociedade Cultural, criada por decreto do próprio Perillo quando ainda governava Goiás, em 2014.
Além disso, o ex-governador atua nos bastidores para tentar reduzir as dívidas fiscais do Jockey, enquanto o clube insiste que é vítima de “perseguição política”.
Negativas, silêncio e indignação seletiva
Perillo chama as denúncias de “leviandade”. O Jockey diz que é alvo de “retaliação”. A Elysium afirma seguir a lei. Mas ninguém explica por que dinheiro que deveria financiar restauração de patrimônio histórico teria sido usado para bancar jantar regado a vinho importado.
Uma bomba prestes a explodir
Com 15,6% das intenções de voto em Goiás, Marconi Perillo tenta se reposicionar como alternativa política para 2026. Mas o escândalo, se comprovado, pode transformar sua campanha em ruínas. Não se trata apenas de mais um caso de corrupção — é o descrédito total de políticas culturais e fiscais que deveriam proteger a memória do país, não financiar luxos privados.
Agora, a Prefeitura de São Paulo abriu auditoria e pode exigir a devolução dos mais de R$ 83 milhões utilizados. Caso irregularidades sejam confirmadas, o caso deve escalar para órgãos federais — e, possivelmente, para a Justiça Eleitoral.
Da redação por Jorge Poliglota