O governo Lula enfrentou, nesta terça-feira (8), uma derrota política significativa na Câmara dos Deputados ao deixar expirar a Medida Provisória que previa o aumento de tributos sobre determinados setores da economia. Sem acordo e sem base sólida para aprovar o texto, a MP perdeu validade, escancarando a fragilidade da articulação do Planalto com o Congresso.
A medida fazia parte do pacote de ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e tinha como objetivo reforçar a arrecadação para compensar gastos crescentes e manter a meta de resultado primário. No entanto, a falta de diálogo com lideranças partidárias e o descontentamento da base aliada diante de outras pautas empacadas acabaram minando a tentativa do governo de manter a MP viva.
Deputados de diversos partidos interpretaram o episódio como mais um sinal de desorganização e perda de controle político por parte do Executivo. Enquanto o governo insistia na necessidade de aumentar receitas, o Congresso reagiu, apontando que o Palácio do Planalto tem priorizado medidas impopulares e falhado em construir consenso.
A derrota representa não apenas um baque fiscal, mas também simbólico. Mostra que a base governista está fragmentada e que o discurso de “responsabilidade fiscal” não tem sido suficiente para garantir votos em temas impopulares. Com a MP caducando, o governo perde arrecadação prevista e reforça a percepção de que o equilíbrio entre política e economia segue em crise no coração do Planalto.
Em meio a um cenário de inflação em alta, descrédito político e dificuldades para aprovar novas propostas, o episódio desta terça é mais um alerta: o governo está perdendo o pulso do Congresso — e, com ele, a capacidade de governar com estabilidade.
Da redação