Governador de Goiás e senador fazem parte da federação União-PP, mas se desentendem sobre candidatura nas eleições de 2026
A disputa interna na federação União Progressista explodiu neste domingo (5/10) com troca de farpas entre o governador Ronaldo Caiado (União-GO) e o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).
Pré-candidato à Presidência em 2026, o goiano afirmou que Ciro tenta forçar um apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), por interesse particular em ser o vice de uma eventual chapa com o gestor paulista.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa, e algo tão gritante que ele já se coloca como porta-voz do presidente Bolsonaro, o que ele não é”, afirmou Caiado no X, antigo Twitter.
O governador de Goiás prosseguiu: “Se Bolsonaro quiser escolher um porta-voz, certamente será um de seus filhos ou sua esposa, Michelle. Não o Ciro Nogueira, senador de inexpressiva presença nacional, que um dia já jurou amor eterno ao Lula”.
Em entrevista ao jornal o Globo, Ciro, que foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente só teria duas alternativas: apoiar Tarcísio de Freitas ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
“Fica visível que Ciro tenta decidir por Bolsonaro quais deveriam ser os candidatos a presidente, colocando Tarcísio como preferido e o governador Ratinho como reserva”, comentou Caiado.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por causa da trama golpista. Dessa forma, o ex-presidente vem sendo aconselhado a escolher um sucessor, sob pena de não ter decisão sobre o herdeiro do seu espólio político no campo da direita.
Tarcísio de Freitas é cotado como candidato à Presidência, mas esta semana fez um recuo tático e disse que concorrerá à reeleição em São Paulo após sucessivos revezes. Dessa forma, restam 5 pré-candidatos: o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSD-RS), além dos já citados Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior.
Para o goiano, a postura do presidente do PP não é ideal. “De pronto, Ciro já veta pelo menos três pré-candidaturas: as de Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro e a minha, prestando um enorme desserviço à direita. Não falo por Zema ou Eduardo, mas quanto à minha pré-candidatura, devo dizer que não dependo de aval de Ciro Nogueira”, comentou.
Caiado ainda afirmou que respeitará a decisão de Bolsonaro, mas pontuou que apoiou o ex-presidente na sua primeira eleição, em 2018, quando Ciro resistia ao então candidato. O governador goiano ainda atacou o novo colega de federação sobre sua performance eleitoral.
“Lembro ao Ciro que tenho 88% de aprovação em Goiás nos últimos três anos, a maior entre todos os governadores. As mesmas pesquisas mostram que Ciro Nogueira não tem forças sequer para se reeleger senador no seu estado, o nosso querido Piauí”, escreveu.
Caiado completou: “Sugiro ao já quase ex-senador que tenha mais moderação e mais respeito com os demais nomes que, democraticamente, colocam suas pré-candidaturas à avaliação popular. Ciro Nogueira não tem estatura política para julgar as pré-candidaturas a presidente, incluindo a minha. E certamente não será por ele que passará a decisão de construir a melhor estratégia para derrotar o PT, partido que um dia já foi tão querido pelo mesmo Ciro, e implementar um novo projeto para o Brasil e os brasileiros”;
Mais que amigos, correligionários
Com a federação entre União Brasil e PP, Caiado e Ciro se tornaram quase que colegas de partido. Nesse tipo de aliança, as legendas passam a funcionar eleitoralmente como uma só por, no mínimo, quatro anos.
O acordo para a federação ocorreu na esteira de um esforço dos partidos, até então classificados como expoentes do chamado “Centrão”, de adquirir identidade ideológica. E isso passa pelo lançamento ou apoio de uma candidatura de direita para concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Com informações Metropoles