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“O Grande Teatro da Blindagem & a Comédia da Anistia”

Hoje é domingo, dia de espetáculo nacional – e que espetáculo! No centro do palco, o Congresso Nacional, maltrapilho de argumentos, veste sua mais nova fantasia: a capa da Blindagem Suprema. Logo atrás, entra em cena o PL da Anistia, com pompas de perdão e perdão de pompas, num dueto que promete deixar plateia e críticos de cabelo em pé.

A Esquerda acordou cedo, ensaiou seus gritos de guerra (“Sem Anistia! Sem Blindagem!”), convocou artistas e levantou cartazes. Porque, convenhamos, é difícil competir com quem está tentando se tornar intocável. De Marbella ao extremo Norte, de praça em praça, a massa protesta: “Congresso inimigo do povo”! Ah, frase bonita para estampar camisetas, banners, fotos em redes sociais.

O Congresso, por sua vez, observa tudo com olhar de diretor ausente: aprovou a PEC da Blindagem, aplicou o carimbo da urgência no PL da Anistia, tentou jogar confete dizendo que é “proteção constitucional”, “foro privilegiado”, “autonomia do Legislativo” – palavras que soam como código secreto para “não quero ser investigado”.

Enquanto isso, na plateia, o povo vai percebendo que esse roteiro todo parece menos sessão de justiça e mais trapaça bem coreografada. Porque, se deputados precisam de autorização parlamentar para responder à Justiça, se processos são engavetados até votação de Casa, se a anistia perdoa crimes graves… A pergunta que ecoa é: pra quem esse Estado tá servindo?

O sol castiga, os cartazes tremulam, artistas entoam canções que lembram democracia, golpe, memória. E os aplausos vêm, cheios de indignação. Sim, há uma beleza agonizante nisso tudo: ver que ainda há quem se importe, que o teatro do poder ainda provoca aplausos – e vai saber, talvez vai embora também com vaias.

Mas eis o plot twist: no fim, quem teme investigação e punição não está no palanque. Está lá atrás, nos bastidores, tentando mudar as regras do jogo sob aplausos controlados. E a Esquerda, exausta porém esperta, observa, denuncia, mobiliza – tentando impedir que o aplauso seja só mais um eco de impunidade.

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