O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), novo relator do projeto de anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro, descartou nesta quinta-feira (18) uma anistia ampla, geral e irrestrita, como quer a oposição. Após reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado defendeu um projeto com redução de penas que “possa agradar a todos”, da direita à esquerda.
“Anistia ampla, geral e irrestrita é impossível. Acho que nós vamos ter que fazer algo que não agrade nem a direita e nem a esquerda, mas que agrade a maioria da Câmara”, afirmou o relator.
Paulinho da Força disse que o novo texto – que não será mais de anistia – deve ficar pronto para votação em até duas semanas. O deputado afirmou que é preciso pacificar o país, pois “ninguém mais aguenta a polarização”.
Ao conversar com a imprensa, ele contou que os próximos dias serão destinados às articulações políticas e que no início da próxima semana se reunirá com líderes de bancadas para a articulação da proposta.
“Nós não estamos mais falando de anistia. Eu vou procurar alguns governadores neste final de semana e, a partir de segunda, reunião com as bancadas para a gente votar o mais rápido possível”, completou.
O deputado também deve promover articulações no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse conhecer o ministro Alexandre de Moraes desde o período em que o magistrado era advogado e que vai trabalhar para o convencimento do STF à necessidade da pacificação e pelo fim da polarização no Brasil.
Paulinho da Força afirmou que o risco de o projeto não ser votado é “zero”, garantindo que a proposta entrará na pauta da Câmara dos Deputados nos próximos dias.
O deputado disse ainda que na busca por um texto de consenso, Hugo Motta teve uma reunião de mais de três horas com parlamentares do PL e que se discutiu que “não há a possibilidade de se anistiar a todos”, sem mencionar, em nenhum de suas manifestações, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista a O Globo, Paulinho da Força disse que não tem condições de elaborar um texto que beneficie de forma individual o ex-presidente. Segundo ele, o relatório precisa ser construído a partir do diálogo com as bancadas da Câmara e do Senado e não pode atender a interesses específicos. “Não consigo salvar individualmente o Bolsonaro”, disse o parlamentar, reforçando que sua proposta buscará um caminho de consenso.
Gazeta do Povo