Senador diz que manterá sua candidatura ao governo de Minas caso continue liderando as pesquisas de intenção de voto em 2026
O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) será candidato ao governo de Minas se seguir, em 2026, liderando as pesquisas de intenção de voto. Como tudo indica que, dado o seu recall e a visibilidade nas mídias digitais, vá seguir liderando, é esperado que seja candidato. Na chapa de seus sonhos, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), seria o vice. Um de seus maiores incentivadores, o deputado federal Euclydes Petterssen, presidente estadual do Republicanos, irá concorrer ao Senado.
“A partir do momento em que faltando um ano para a eleição, eu tenho 40% das intenções de voto, é sinal de que quase a metade da população mineira me quer como governador. Eu não vou negar isso para o povo. Eu sigo a minha intuição da minha fé e a orientação do povo”, afirmou Cleitinho.
Em crítica ao discurso da “unidade da direita”, Cleitinho disse que funciona na teoria, não na prática, uma vez que suporia que as candidaturas do campo abram mão em favor de quem lidera as pesquisas, o que não ocorre. “Vou dar exemplo. Estamos eu, Mateus [Simões, vice-governador] e o Nikolas Ferreira, deputado federal]. Se estamos preocupados com o povo, em não deixar uma esquerda voltar como Fernando Pimentel (PT), temos de ter humildade de ver a realidade. Se o Nikolas estiver na frente, a direita tem de estar unida, o que eu e Mateus temos de fazer é apoiar ele. Se eu estou na frente, acredito que os dois teriam de me apoiar. E a mesma coisa com o Mateus também. Só que na teoria é lindo, mas na hora que chega na prática não funciona”, declarou.
Indagado se abriria mão de sua candidatura caso o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) lhe pedisse, Cleitinho foi enfático: “Jamais, por mais que tenha respeito por ele, gratidão por ele, que me apoiou na minha candidatura para senador. Mas primeiro é Deus e depois o povo. Jamais vou abrir mão. Nunca faria isso, com todo respeito a ele. E não ficaria chateado se ele estiver apoiando outro candidato. E não mudaria a gratidão que tenho por ele, não. É questão política, segue o jogo”, garantiu.
Cleitinho concedeu entrevista exclusiva ao Estado de Minas ao lado de Euclydes Pettersen, que aposta nas conversas para a formação da federação Republicanos e MDB, que estará no centro da formação da chapa majoritária encabeçada por Cleitinho.
“Estamos organizando esse grupo com outros partidos, principalmente o MDB, conversamos muito com o Baleia Rossi [presidente nacional do MDB], com o presidente estadual do MDB, Newtinho Junior. Estamos buscando essa aliança para realmente termos essa base para sustentar a campanha do Cleitinho e a minha ao Senado”, afirmou Euclydes Pettersen.
O senhor será candidato ao governo de Minas em 2026?
Se for da vontade do povo e da vontade de Deus, meu nome tem de estar à disposição, pois tenho de ser grato à população mineira. Fui eleito senador. A população votou em mim para mandato de oito anos. Mas a partir do momento em que, faltando um ano para a eleição, eu tenho 40% das intenções de voto, é sinal de que quase a metade da população mineira me quer como governador. Eu não vou negar isso para o povo. Eu sigo a minha intuição da minha fé e a orientação do povo. Eu não vou nunca seguir orientação de partido, vou seguir sempre a população que me colocou aqui. Se a população falar para mim no ano que vem que me quer como candidato, digo com toda humildade, tenho de ser grato à população e seguir o que a população pede.
Na construção dessa chapa majoritária, encabeçada pelo senhor, o deputado federal Euclydes Pettersen seria um dos candidatos ao Senado. Quem o senhor gostaria que fosse o vice da chapa?
Eu queria demais, com toda humildade, convidar o presidente da Assembleia, que é do Norte de Minas, um amigo meu, extremamente competente, o Tadeuzinho [Tadeu Martins Leite, do MDB]. Eu disse isso para ele uma vez. Um cara extremamente competente, um amigo. Inclusive, se ganhássemos, eu iria dizer para ele que como vice-governador, seria também secretário ao meu lado, para a gente caminhar junto. Tenho zero vaidade, quanto mais gente competente e melhor do que eu ao seu lado, fico melhor ainda.
O vice-governador Mateus Simões (Novo), pré-candidato ao governo de Minas, é de seu campo político, assim como também o deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Mateus Simões tem defendido a unidade desse campo em torno do nome dele. Como o senhor avalia esse movimento?
Acho natural, ele está defendendo o lado dele. Tenho respeito pelo Mateus Simões. Agora, ele está fazendo a parte dele, é direito dele dizer que é candidato, porque isso é democracia. Agora, se eu continuar pontuando como estou, também é democracia eu querer ser candidato. Não vai ter briga, não vai ter atrito não. É direito dele buscar o campo da direita, mas quem vai escolher de verdade é o povo.
No cenário em que o vice-governador Mateus Simões concorra e o senhor também, com quem acredita que irá o PL? No ano passado, nas eleições municipais, houve declarações de que vocês estariam juntos em 2026.
Acho que as declarações foram mais minhas. O próprio Nikolas nunca declarou que me apoiaria. Eu sempre tive a humildade de falar isso, que não tem necessidade de que eu e Nikolas nos dividíssemos, porque nosso eleitorado hoje é bem parecido. Se ele pontuasse mais do que eu, eu abriria mão para ele. No caso, acho que se for o contrário, se eu estiver pontuando mais, acho que ele poderia fazer isso por mim. Mas, publicamente, ele nunca falou isso. Vou dar exemplo. Estamos eu, Mateus e o Nikolas. Se estamos preocupados com o povo, em não deixar uma esquerda voltar como Fernando Pimentel (PT), temos de ter humildade de ver a realidade. Se o Nikolas estiver na frente, a direita tem de estar unida, o que eu e Mateus temos de fazer é apoiar ele. Se eu estou na frente, acredito que os dois teriam de me apoiar. E a mesma coisa com o Mateus também. Só que na teoria é lindo, mas na hora que chega na prática não funciona.
E por que não funciona?
Você tem de perguntar para os dois, porque da minha parte vai funcionar. Da minha parte, estou sendo homem, pode cobrar com esse vídeo aqui. Se os dois estiverem na frente, eu recuo para eles serem candidatos.
Se o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe pedir para não concorrer, mesmo o senhor pontuando na frente, o senhor abriria mão?
Jamais, por mais que tenha respeito por ele, gratidão por ele, que me apoiou na minha candidatura para senador. Mas primeiro é Deus e depois o povo. Jamais vou abrir mão. Nunca faria isso, com todo respeito a ele. E não ficaria chateado se ele estiver apoiando outro candidato, não. E não mudaria a gratidão que tenho por ele não. É questão política, segue o jogo. E grava isso: se um dia for governador, posso não ser o governador com mestrado e doutorado, mas vou ser o governador mais humano da história do estado. Uma coisa vou fazer: uma minicidade administrativa no Vale do Jequitinhonha, vou despachar no Vale do Jequitinhonha no fim de semana, mostrar para o Brasil aonde precisa melhorar. A gente cuida primeiro de quem precisa. Tenho um irmão que teve leucemia [emocionado], Mateus teve leucemia, eu doei medula para ele. Meus pais disseram: “Ele precisa mais da gente agora do que vocês”. Então, isso é doutrina de pai e mãe. A maior ideologia que tenho não é esquerda e direita. A maior ideologia é Deus primeiro. E meu pai me ensinou, cuida de quem precisa e seja grato. Quem estende a mão para você, você estende duas. Se Minas estender a mão para mim, vou estender as minhas duas mãos, vou servir. O que faz caráter de um líder político é ser humano. E humano, fique claro, vou acertar e errar. Todo mundo erra. Esquece isso que vai achar super-herói. Mas de mau-caratismo e tirar dinheiro do povo, não. Vou ser até um Robin Hood que tirava dinheiro dos ricos para dar para os pobres. Vou tirar do sistema para dar a quem precisa.
O senhor é favorável à tributação dos mais ricos para dar isenção aos mais pobres?
Só uma coisa, as pessoas precisam entender, não criminalize quem é rico. É normal quem ganha mais pagar mais. Quem ganha mais pode contribuir mais um pouco. Agora, não pode parecer que o empresário é o malvadão. O empresário é fonte de riqueza. A fonte de despesa é o Poder Público. Claro que conversando com o empresário, pedir para pagar um pouco a mais, fazer justiça a mais. Outra coisa, em Minas, a questão da renúncia fiscal, que alguns grandes empresários deixam de pagar, me aguarde porque vocês vão pagar também. Se o pobre paga, o trabalhador paga, todo mundo tem de pagar. É bem justo o que Jesus ensinou: “A César o que é de César”.
Como o senhor avalia hoje o governo Zema, que pontos positivos e que pontos não estão adequados em sua avaliação?
Por mais que as pessoas falem que colocar o salário dos servidores em dia seja obrigação, mas ele fez isso, coisa que o outro governo não fez. Mas acho que deveria olhar com mais atenção para o servidor público, que cobra muito isso, principalmente a segurança pública. Ele errou com a segurança pública na minha opinião. Infraestrutura também precisa melhorar. Aí, você pode falar assim: “Cleitinho, mas privatizar as estradas é necessário”. Eu não sei se privatizar tudo é necessário e sem conversar com a população. Em certa região, a população pode achar que não é melhor a privatização. Acho que a infraestrutura de Minas pode melhorar. Como ele é empresário, se buscasse apoio de outros empresários para uma gestão compartilhada, acredito que as estradas poderiam estar melhores. Pois eu vejo muita reclamação das estradas de Minas.
Recentemente, o senhor fez protesto contra pedágios e convocou a população para fazer o desvio. Se o senhor fosse governador, como reagiria se alguém fizesse isso?
Eu iria lá ajudar. Iria lá fazer junto com o povo. Porque sou contra.
Então o senhor está dizendo que se eleito governador não vai ter pedágio?
Não. Os que estão aí não tem como eu acabar com eles. Mas vou estudar primeiro e conversar com a população. Porque acho que o estado é o seguinte: o estado mostra que é incompetente. Você já paga os tributos, paga tudo e não consegue entregar uma estrada com qualidade. Só que aí está a moral da história dos contratos. A maioria das vezes os contratos beneficiam apenas as empresas e nunca a população. Porque às vezes faz um contrato onde tem lugar para colocar a praça de pedágio, a empresa não faz a duplicação, não investe, e só vai fazer isso depois. Vejo isso na minha região, a MG-050. Falta fiscalização e um contrato justo, que não seja uma praça de pedágio que cobre R$ 15,00. Agora, é conversar com o povo, talvez aceite um valor justo. Vou deixar a população mais perto.
O Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) foi proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) construída pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) em interação com Tadeu Martins Leite (MDB) e deputados estaduais. O que é mais interessante para o estado em sua avaliação, o Propag ou RRF?
O Propag é mais interessante. Inclusive, quando estava tendo a negociação com Haddad, disse: o que precisar da minha ajuda pode contar. Só que não quis, porque queria o protagonismo para ele. Eu entendo que política é feita assim, eu não faria assim.
No pacote do Propag enviado pelo governo Zema à Assembleia, tem a PEC que suspende a necessidade do referendo para a privatização da Copasa e da Cemig e acaba com o quórum qualificado para alterações na estrutura societária. Qual é a sua opinião sobre essa PEC?
Sou contrário. O governador não está sendo democrático, está totalmente errado. Tem de deixar a população se manifestar.
Recentemente, o senhor se envolveu numa polêmica na CPMI das Bets, durante a participação da influencer Virgínia Fonseca. Acredita que naquele momento promoveu indiretamente as bets? Como avalia hoje a sua atitude?
Todo ser humano tem falhas e eu sou um pouco impulsivo. Eu nem conhecia a Virginia, só sabia pelas redes sociais e pela minha filha. Quando cheguei, a minha esposa me mandou uma mensagem: a Laisa que é minha filha é muito fã dela e estava perto do aniversário dela. Minha esposa pediu para fazer um vídeo. Eu fui pelo lado pai, impulsivo. Se eu fosse um político experiente como os outros, poderia ter esperado acabar a reunião e pedido. Mas fui homem suficiente para subir no plenário e falar para a população que aquele não era o momento. Se pega os meus questionamentos para a Virginia, a todo momento falo para ela que está errada. Mas que eu não poderia apontar o dedo para ela porque o Senado legalizou e eu votei contra. Eu sou contra. Por mim, tinha de acabar com essa porcaria de bets.
Como avalia o governo Lula, algum projeto dele o senhor apoia?
Apoio vários projetos dele. Mas acredito que a voz do povo é a voz de Deus. As pesquisas estão mostrando aí que quase 70% não querem que Lula seja reeleito. Então, esse governo não está da forma como Lula quando ganhou queria fazer. E acho que a gente tem de ser justo. O Congresso também é muito canalha. Isso era na época do Bolsonaro. Porque se tivesse fazendo o mesmo boicote na época em que Bolsonaro foi candidato à reeleição, eu estaria defendendo o Bolsonaro. O Congresso atrapalha também, em vez de ajudar. Eu tento ser aqui o cara mais justo possível. Eu não sou aliado do Lula, mas tudo o que for a favor do povo aqui vou ajudar. Quer um exemplo? A isenção do IR até a faixa de R$ 5 mil. Eu apoio isso aqui até mais do que a base do Lula. Apoio a escala 5 por 2 e Euclydes, que está comigo aqui, também apoia. Vou dar outro exemplo: Fernando Haddad está dizendo que quer trazer o fim dos supersalários. Eu apoio, inclusive é minha a PEC que está aqui. Protocolei com mais de 30 assinaturas para dar fim aos supersalários. Só que não anda aqui.
Fonte: O ESTADO DE MINAS