A manifestação pró-anistia, convocada por Jair Bolsonaro e a direita brasileira, realizada hoje as 14:00 horas na Avenida Paulista em São Paulo, deixou um duro recado do povo à Câmara dos Deputados e, em especial, a Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa: “Anistia Já! Ampla, geral e irrestrita!”
Segundo os cálculos dos organizadores do evento, cerca de 1,2 milhões de pessoas ocuparam os 2,8 quilômetros da Avenida Paulista, da Praça Oswaldo Cruz até a Rua da Consolação, protagonizando a maior manifestação desde a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro da Presidência da República.
Como era de se esperar, segundo pesquisas da USP, Estadão, O Globo, UOL e Carta Capital, o famoso “Consórcio de Imprensa”, apenas 45 mil pessoas estiveram presentes no evento. Isso reforça o pensamento popular de que não existe a menor dúvida de que lado esses órgãos de imprensa estão posicionados.
Estiveram presentes em apoio sete governadores de Estado: Romeu Zema, Jorginho Mello, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Wilson Lima, Ratinho Júnior e Mauro Mendes. De última hora o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, cancelou sua participação devido as enchentes em Angra dos Reis e sua eminente presença no Estado.
O batom foi o símbolo da manifestação em alusão a condenação da cabeleireira Débora a 14 anos de prisão por ter escrito na Estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal a frase “Perdeu mané”, considerada pelo ministro Alexandre de Moraes como “substância inflamável”.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) elogiou a presença do povo na Paulista. Isso, na visão de Tarcísio, é um sinal de que a sociedade entendeu o recado de que a luta pela anistia não é uma causa ideológica e sim uma causa humanitária, mas para que isso aconteça há a necessidade de uma unificação da direita e a voz do povo de forma que a pacificação, o restabelecimento da paz, a verdade e a prosperidade voltem a reinar no país.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um ferrenho crítico do STF e defensor da Anistia, lembrou que a Corte mantém atrás das grades pessoas que sequer portavam armas, enquanto libera traficantes, homicidas, corruptos e estupradores. Nikolas afirmou que o projeto de anistia pode até não ter apoio dos 11 ministros do Supremo, mas tem o apoio popular. “Eles têm a toga, mas nós temos o povo”, disse.
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e atual presidente do PL Mulher, usou sua sensibilidade feminina para interagir com seu público pedindo que elas levantassem seus batons e em forma de ironia mostrar a todos o poder bélico e letal do objeto cosmético. Também fez questão de mencionar o caso de Adalgiza Maria Dourado, uma senhora de 65 anos de idade e que está presa e condenada a 14 anos de prisão pelo STF, que segundo depoimentos da família “não quer viver mais”.
Já Silas Malafaia, o organizador do evento, foi mais duro em seu discurso. Para ele o que estamos vivendo é a “farsa do pseudo golpe”. Malafaia criticou os depoimentos do Tenente Coronel Mauro Cid que mudou sua versão por oito vezes em delação firmada com a Polícia Federal. Sobre a minuta de golpe, o pastor desafiou Alexandre de Moraes: “Quero que o Moraes me mostre essa tal minuta do golpe”.
Por fim veio o discurso de Jair Bolsonaro. Ele iniciou dizendo que permanecerá no Brasil, contrariando a esquerda que insiste em afirmar que ele fugirá. “Vou permanecer aqui e lutar pela anistia e pela reversão de minha inelegibilidade. Me tornaram inelegível por ter me reunido com embaixadores, mas colocaram na presidência um condenado em várias instâncias que se reuniu com traficantes no Morro do Alemão”, afirmou.
Aguardemos a próxima semana. A manifestação com toda certeza mexerá com o posicionamento dos parlamentares no Congresso Nacional. O Brasil é historicamente conhecido por vários processos de anistias. Caberá, agora, aos parlamentares darem o próximo passo afim de que, verdadeiramente, se faça justiça.
**Poliglota é jornalista e Editor-chefe do Portal Opinião Brasília