“A base — senadores, deputados federais e estaduais — não tem votos petistas”, diz o governador de Goiás. Caiado critica Lula e afirma que eleitor busca coerência e serviço prestado.
Em entrevista, o Governador de Goiás debateu debandada da base aliada, portaria do ministério da Justiça que colide com a política de segurança de Tarcísio de Freitas e corrida ao Planalto em 2026.
Único que já confirmou seu nome para a eleição presidencial de 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), participou do programa “Os Três Poderes” e respondeu a perguntas dos colunistas Robson Bonin, Matheus Leitão, e Ricardo Rangel, com a apresentação do editor Ricardo Ferraz. Durante a entrevista, os jornalistas debatem a debandada da base aliada, a portaria do ministério da Justiça que colide com a política de segurança de Tarcísio de Freitas e a corrida ao Planalto em 2026.
Caiado criticou o presidente Lula por fomentar a polarização política e afirmou que seu eleitorado é conservador e o mesmo que o de Jair Bolsonaro. Ele expressou confiança em uma candidatura própria do União Brasil para as próximas eleições e minimizou o apoio do Ministro do Turismo à reeleição de Lula. “Nós vamos apresentar um projeto e outros nomes poderão surgir, mas espero no debate e nas convenções poder sensibilizar o partido que esse caminho é o caminho que o povo brasileiro não quer”, afirmou o “pré-candidato” à Presidência.
O bate-papo começa com Ricardo relembrando que Caiado afirmou que não era “vaquinha de presépio do bolsonarismo”, mas ao mesmo tempo busca o apoio político do ex-presidente para viabilizar sua candidatura. “Durante a minha trajetória de 40 anos na vida pública, a minha base eleitoral, tudo o que sempre defendi desde que lutei na constituinte pelo direito à propriedade, desde que enfrentei o governo para que respeitasse a economia de mercado, em todos os meus anos de Congresso, é esse o meu eleitorado”, respondeu Ronaldo Caiado.
Ele reconhece, no entanto, que Bolsonaro conseguiu fazer que essa situação se aflorasse no país, mas que sua trajetória de vida sempre falou com este eleitorado. “Não tem nenhum divórcio entre o eleitorado do presidente Bolsonaro e o eleitorado do Governador Ronaldo Caiado, tá certo? Isso não quer dizer que você tenha que comungar com todas as ideias, você tem o direito de opinar em posição contrária em relação a um fato ou outro”, completa Caiado.
Em seguida, Robson questiona o governador sobre as últimas pesquisas eleitorais divulgadas pela consultoria Quaest no mês passado. Cerca de 55% dos entrevistados indicaram que o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, não deveria ter a oportunidade de assumir um novo mandato na próxima eleição, enquanto aproximadamente 42% afirmaram que Lula ‘merece’ ser reconduzido ao cargo no próximo pleito.
Além de Lula, foram monitorados oito nomes: Jair Bolsonaro (PL), Ronaldo Caiado (União Brasil), Fernando Haddad (PT), Michelle Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Jr. (PSD), Romeu Zema (Novo) e Gleisi Hoffmann (PT). Dos entrevistados, 12% disse que votaria no governador de Goiás, Ronaldo Caiado, 24% não votaria e 60% não sabe quem ele é.
Para se tornar mais conhecido, Caiado diz que vai caminhar, debater e participar de encontros para levar não apenas “achismos”, mas entregar o que construiu durante sua vida parlamentar. “Foram realizações que, sem dúvida, mudaram a vida do Estado de Goiás, que hoje é um dos mais bem avaliados em educação. É o Estado que mais atingiu a meta hoje de segurança pública no país e também índices na melhoria da saúde e infraestrutura do Estado. São realidades que estamos demonstrando e lógico que meu eleitor ainda terá 2 anos pela frente para ouvir as propostas dos pré-candidatos e analisar quem tem condições, credibilidade, independência moral para implantar mudanças que o Brasil precisa”, destaca Caiado.
União Brasil vai caminhar com quem em 2026?
Matheus Leitão questiona sobre o apoio do partido de Caiado em 2026. Recentemente, o Ministro do Turismo, Celso Sabino de Oliveira, afirmou que o União Brasil irá caminhar com Lula nas próximas eleições presidenciais. Questionado se o apoio o incomodou, o governador disse que não, “de maneira alguma” e que a fala do ministro é “aceitável”, mas o eleitorado deseja uma candidatura de oposição.
“As votações no Congresso e as derrotas acachapantes do governo na Câmara mostram que a ampla maioria do país não pensa hoje como o governo Lula. O União Brasil, que é o terceiro maior partido do país, vai ter candidatura própria e nós vamos apresentar um projeto. Outros nomes poderão e deverão surgir, mas eu espero no debate e nas convenções poder sensibilizar o partido que esse caminho é o caminho que o povo brasileiro não quer, tanto que a queda da pesquisa é vertical. Jamais se viu um presidente com 1 ano e 5 meses de governo e tamanho desgaste como esse”, pontua Caiado.
Ricardo Rangel relembra a trajetória política de Ronaldo Caiado como um homem que sempre jogou dentro das regras da democracia e “nunca abraçou o golpismo”, mas que Bolsonaro representa o contrário. “Não existe direita no Brasil sem Bolsonaro e um candidato conservador não ganha a eleição se não tiver o apoio do ex-presidente”, questiona Rangel.
“É compreensível, neste momento, essa polarização na política do Brasil. Ao invés do presidente Lula se preocupar em governar, ele se preocupou em continuar esse enfrentamento. Se eu, como governador, fosse perder tempo em ficar atacando outros que me antecederam, eu não chegaria ao resultado que cheguei, como sendo o governador mais bem avaliado do Brasil”, explicou Ronaldo Caiado.
De acordo com outra pesquisa da Quaest, Caiado é aprovado por 86% dos eleitores goianos, enquanto 12% reprovam sua gestão. Entre as áreas de atuação do Governo de Goiás, a segurança pública foi a mais bem avaliada, na qual 69% dos entrevistados consideram as ações policiais positivas.
“Sobre Bolsonaro, o seu apoio, indiscutivelmente, nós temos um eleitorado, o mesmo eleitorado. Este eleitorado não tem como querer rotulá-lo apenas de bolsonarista ou não-bolsonarista. É um eleitorado conservador, que acredita na economia de mercado. É um eleitorado que quer buscar também o equilíbrio, a paz, a governança, a convivência entre os poderes”, finaliza o Governador de Goiás.
Caiado relembra sua estreia em uma disputa presidencial no ano de 1989, durante a primeira eleição presidencial direta depois do fim da ditadura militar. Então presidente da poderosa União Democrática Ruralista (UDR) e com apenas 40 anos de idade, ele chegou em nono lugar (0,72% dos votos) em uma disputa que tinha nada menos que 22 presidenciáveis. O eleito foi Fernando Collor, que derrotou Lula no segundo turno.
Caiado destaca que sempre prezou pela boa convivência entre os poderes. “Tudo isso eu demonstrei. Fui governador com a Assembleia, com o Ministério Público, com o Tribunal de Justiça, com a Defensoria Pública e com os Tribunais de Contas. Governar é saber fazer a política, ampliar pontos de concórdia para chegar a bons resultados”.
Ao fim, destacou que o eleitor vai analisar bem quem tem uma história de coerência e quem tem serviço prestado capaz de poder replicá-lo a nível nacional.
Com informações Veja e Jornal Opção