Guiana denuncia Venezuela ao Conselho de Segurança da ONU
A Venezuela e a Guiana estão se engalfinhando pela posse do Essequibo, uma região de 159.500 quilômetros quadrados que equivale a cerca de um terço do território da Guiana. A disputa remonta ao final do século 19, quando a Venezuela e o Reino Unido, então potência colonial da Guiana, chegaram a um acordo que definia as fronteiras entre os dois países. No entanto, a Venezuela nunca reconheceu o acordo e reivindica a soberania sobre o Essequibo.
Na última quarta-feira (6), a Venezuela deu os primeiros passos para concretizar a incorporação do Essequibo. O governo venezuelano nomeou autoridades para administrar a região e propôs uma lei que anexaria o território à Venezuela.
A Guiana, por sua vez, classificou os anúncios venezuelanos como uma “ameaça iminente” e colocou suas Forças Armadas em “alerta máximo”. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, está se preparando para denunciar a situação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que tem reunião marcada sobre o caso para esta sexta-feira (8).
Prisões de opositores
No mesmo dia em que tomou os primeiros passos para incorporar o Essequibo, a Venezuela também prendeu uma série de opositores, incluindo líderes da oposição e ex-funcionários chavistas. Eles são acusados de traição ao país por supostas ligações com a Exxon Mobil, uma das empresas petrolíferas que explora as águas territoriais em disputa com a Guiana.
A esposa de Roberto Abdul, membro da comissão que planejou as primárias em que María Corina Machado foi eleita candidata da oposição para as eleições presidenciais de 2024, confirmou a prisão dele. Abdul já havia sido interrogado pelas autoridades a respeito de uma investigação criminal sobre as primárias, que a oposição alega ter sido transparente e justa.
Há também mandados de prisão para Henry Alviarez, Claudia Macero e Pedro Urruchurtu por crimes como traição, conspiração e lavagem de dinheiro, disse o procurador-geral Tarek Saab. Segundo ele, os três, juntamente com Abdul, participaram de “ações desestabilizadoras e conspiratórias” contra o referendo no qual a população venezuelana manifestou apoio à ideia de incorporar o Essequibo, no último domingo.
Reação internacional
A prisão de opositores pela Venezuela foi condenada por organizações internacionais de direitos humanos e pela oposição venezuelana. A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que as prisões são “uma clara violação da liberdade de expressão e do direito de associação política”.
Os Estados Unidos também condenaram as prisões. O secretário de Estado Antony Blinken disse que as ações do governo venezuelano são “uma tentativa de silenciar a oposição e restringir a liberdade de expressão”.
O Brasil, que também defende uma solução pelo diálogo, mobilizou militares e veículos blindados para a fronteira com a Guiana. O governo brasileiro disse que a medida é uma “medida de precaução” para garantir a segurança da região.
Batalha dos mapas
Uma das frentes de batalha pelo Essequibo é a cartografia. Venezuela e Guiana têm divulgado mapas de seus países que incluem a região em disputa. O governo venezuelano, inclusive, ordenou que o novo mapa seja distribuído em todas as escolas, liceus, conselhos comunais, estabelecimentos públicos, universidades e “em todos os lugares do país”.
Veja abaixo dois posts no X, um de cada governo, com mapas que incluem o Essequibo:
Venezuela
[Imagem de um mapa da Venezuela que inclui o Essequibo]
Guiana
[Imagem de um mapa da Guiana que inclui o Essequibo]
A disputa pelo Essequibo é uma das mais antigas e complexas da América do Sul. É uma disputa que tem o potencial de levar a uma escalada de tensão entre a Venezuela e a Guiana, e que pode ter implicações regionais.
Com informações Brasil de Fato