- PUBLICIDADE -

G. Dias na CPI da Câmara Legislativa: Depoimento patético e cheio de contradições

Para quem pensava que o depoimento do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Gonçalves Dias, fosse trazer novas evidências e esclarecimentos aos atos ocorridos em 8 de janeiro, ficaram decepcionados com suas declarações

Extremamente nervoso, tremendo bastante e inseguro nas suas respostas, mesmo com um advogado aos eu lado, G. Dias preocupou-se em transferir responsabilidades e se isentar claramente das acusações que lhe são imputadas, principalmente a acusação de sua suposta conivência ao tratar “golpistas” com educação na quebradeira dentro do Palácio do Planalto, tudo amplamente divulgado em fotos e vídeos, posteriormente vazados, pelos grandes meios de comunicação.

Uma das maiores acusações contra o general, que de 2003 a 2010 foi o homem mais próximo de Lula e encarregado da proteção pessoal do então presidente e seus familiares, diz respeito a suposta fraude e manipulação de um relatório da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).

Acusado de ter recebido as informações em seu celular particular de que poderia haver invasões ao Planalto, o general negou peremptoriamente que não foi informado e que não fraudou nenhum documento. “Troquei ideias genéricas com Saulo Moura, então-diretor-adjunto da Abin, no dia 6 de janeiro e não tratamos de nenhum esquema especial para o dia 8 de janeiro, domingo, porque não havia nenhuma informação que nos indicasse que ocorreria o que ocorreu”, afirmou.

Ainda conforme G.Dias, ainda que a conversa com Saulo não o tivesse deixado em alerta, ele deixou o Plano Escudo do Planalto (Plano de Proteção do Palácio do Planalto) acionado, porém, seu secretário executivo, general Carlos José Russo Assumpção Penteado não montou o planejamento.

Reunião no DF sem a presença de General Dias

Em 6 de janeiro, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal realizou uma reunião para elaborar o Plano de Apoio Integrado (PAI) — que deveria conter possíveis manifestações violentas. O GSI, no entanto, não foi convidado para o encontro, segundo G.Dias. O Ministério da Justiça marcou presença na reunião.

Em depoimento em abril deste ano na CPI, a subsecretária de Operações Integradas, coronel Cíntia Queiroz de Castro, disse que o GSI foi convidado para a reunião do PAI, mas não compareceu.

“O PAI determinava que deveria haver bloqueio e revista dos manifestantes na altura do Buraco do Tatu, onde fica a Rodoviária do Plano Piloto, quando o Eixo Monumental deixa de ser uma via eminentemente dos Poderes de Brasília e passa a se tornar a Esplanada dos Ministérios e depois deságua na Praça dos Três Poderes”, explicou o ex-ministro.

O bloqueio do Buraco do Tatu foi feito, mas, a revista prevista para ocorrer lá, não, conforme disse G.Dias. “Os manifestantes romperam o cordão de isolamento da PM e impediram a revista”, contou. “Deveria existir, depois dali um bloqueio total que impedisse o acesso à Alameda das Bandeiras e à Praça dos Três Poderes, e ele aparentemente não existiu, ou foi tênue e inexpressivo”.

Dias relatou que os manifestantes ultrapassaram a área do Estacionamento Oeste do Planalto e encontraram apenas uma parte pequena do Batalhão da Guarda Presidencial. Então, furaram os bloqueios.

“Na avenida em frente do Palácio, a resistência da Polícia Militar foi vencida”, disse. A partir de então, passaram a agir como se tivessem uma coordenação e atuaram como se fossem cercar o Palácio. O PAI deveria ter protegido a Praça dos Três Poderes, mas não obteve sucesso”, afirmou.

Paula Belmonte detona Dino

Durante o uso da palavra, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) encurralou o general questionando-o sobre o que ele entendia sobre “Estado Democrático de Direito”. Ao responder que era um direito de todo cidadão de se manifestar, e no qual ele concordava, inclusive em manifestações pacíficas, Belmonte questionou então porque ele estava chamando os manifestantes de golpistas, quando sequer tinham uma única arma bélica nas mãos. O general não deu a resposta.

A deputada também chamou o ministro da Justiça, Flávio Dino, de debochado e irresponsável, já que na sua visão o próprio ministro chamou G. Dias ao Palácio da Justiça para informar que haveria a intervenção no goveno do DF. “Isso nos parece uma sabotagem do ministro da justiça contra o GSI, talvez até com a intenção de que o GSI fosse abocanhado para o ministério da Justiça. A Força Nacional, que estava posicionada nas imediações do Palácio do Planalto foi retirada por ordem do ministro da Justiça, que a tinha como subordinada. A quem interessaria que os fatos acontecessem? ”, fechou a deputada.

Assista:

Até o momento, Dias foi o único ministro que foi exonerado pelo 8 de janeiro.

- PUBLICIDADE -
- PUBLICIDADE -

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- PUBLICIDADE -