Em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, Naime relata linha de choque montada para proteger acampamento golpista e presença de agentes de inteligência no local
O ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF, Jorge Eduardo Naime, acusou o Exército de proteger os terroristas que invadiram a sede dos três poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro. Durante seu depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, Naime relatou que a PM se deparou com uma “linha de choque montada com blindados e, por interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”.
Segundo Naime, o acampamento em frente ao QG era o “epicentro de todos os atos” golpistas, mas a PM não conseguiu agir porque foi impedida pelo Exército. Ele disse que participou de várias reuniões com o Comando do Exército para a retirada do acampamento, mas as operações eram canceladas de última hora. Naime afirmou que chegou a colocar 500 homens à disposição no dia 29 de dezembro, mas houve “orientação expressa” para que não fosse permitida a retirada de pessoas no acampamento no Quartel General do Exército.
Naime está preso atualmente, mas sua declaração na CPI dos Atos Antidemocráticos pode trazer novas evidências sobre a participação do Exército nos atos antidemocráticos ocorridos em Brasília. As acusações levantadas por Naime podem gerar questionamentos sobre a conduta do Exército e sua possível cumplicidade com os atos golpistas.
Além das acusações de proteção aos terroristas, o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF, Jorge Eduardo Naime, relatou outras irregularidades no acampamento em frente ao QG, durante seu depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos. Naime afirmou que havia agentes de inteligência, incluindo do próprio Exército, no acampamento, e que foram identificadas várias irregularidades, como comércio ilegal, que envolvia aluguel de tendas para ambulantes, bem como indícios de tráfico de drogas, prostituição e até denúncia de estupro.
O ex-comandante também mencionou a existência de uma “máfia do pix” no acampamento, em que as lideranças pediam às pessoas que fizessem transferências financeiras para manter o acampamento. Para ele, os integrantes do acampamento viviam em uma “bolha”, com acesso restrito à informação e vivendo em uma espécie de seita. Naime chegou a relatar que um dos integrantes se apresentou a ele como um extraterrestre que ajudaria o Exército no esperado golpe de estado.
As informações levantadas por Naime apontam para uma situação caótica no acampamento em frente ao QG, com possíveis práticas ilegais e um ambiente de fanatismo e alienação. As acusações podem gerar questionamentos sobre a falta de ação das autoridades em relação ao acampamento e suas atividades, além de levantar preocupações sobre a disseminação de ideologias extremistas e antidemocráticas.
Com informações CLDF