O Brasil passa por um momento delicado, o partido do Presidente Jair messias Bolsonaro contesta a validade das eleições e há de fato certo suspense, muitos brasileiros estão apreensivos, não sabem o que pode acontecer. Por mais que se negue isso, por mais que o assunto seja evitado por alguns veículos de comunicação, muitas pessoas que se confessam como de esquerda, direita ou como de centro, acreditam que há possibilidade de uma ação dos militares.
A auditoria feita pelo PL aponta o que seriam várias irregularidades e entre elas uma suposta impossibilidade de relacionar as urnas antigas com seções e zonas eleitorais de todo o país pela falta de um código de identificação que deveria existir. Opositores alegam que mesmo sem o código de identificação é possível relacionar as urnas às respectivas seções.
Muitos manifestantes permanecem praticamente morando nas portas dos quartéis aguardando uma ação dos militares, vistos como a última esperança para que a esquerda não assuma o controle do país. Alguns militares e políticos devem se reunir para palestras nessa sexta-feira no Clube Naval, no Rio.
Reuniões similares têm ocorrido em outros lugares do país e oficiais eleitos para o parlamento, como os Generais Pazuello e Girão, têm incentivado as contestações. As forças Armadas têm de fato sido muito demandadas e já se percebe manifestações públicas de oficiais da ativa, o que por si só já evidencia que o país passa por uma situação atípica.
AS VERDADEIRAS CONSEQUÊNCIAS DE UMA INTERVENÇÃO MILITAR
O que deve acontecer primeiro se houver uma ação militar? É preciso ler com sangue frio, com disposição para ao término assumir uma postura. Será que o presidente Bolsonaro continuaria como presidente do país? Quanto tempo duraria uma intervenção militar?
Vamos para uma análise prospectiva, com hipóteses, ações e prováveis reações.
Alguns alegam que logo em seguida viria caos, que surgiria uma forte guerrilha formada pela oposição, que ocorreria a morte de muitos brasileiros e possivelmente uma das consequências seria o fim da federação. Outros já defendem a tese que diz que os militares são capazes de neutralizar potenciais adversários antes que se movam, gerir todos os sistemas para manter o país funcionando normalmente e em paz ao mesmo tempo em que julgariam todos os políticos apontados como corruptos, destituiria o STF, aplicando então a chamada lei marcial e tribunal militar.
Há necessidade da sociedade se preparar?
O que precisa ser feito para amenizar esse período?
A equipe conversou com alguns militares e fez um resumo detalhado, usando recortes dos depoimentos e conversas por telefone e WhatsApp montamos uma análise prospectiva, bem nos moldes do que se faz nos quartéis, do que pode acontecer no caso de as Forças Armadas atenderem aos pleitos de parte da sociedade, aqueles que hoje estão acampados na frente dos quartéis
Como seria uma INTERVENÇÃO MILITAR
Imaginemos uma situação hipotética, em que, pressionado pela multidão, algum poder convoque as Forças Armadas para agir, entregando a elas o controle da nação.
Para um governo provisório formado por militares, nesse momento em especial, em que vivemos um período de transição no Congresso Nacional, alguns opinam que seria pouco problemático depor todos os parlamentares que se assumem como de esquerda.
A ideia inicial é de que o Congresso Nacional seja temporariamente fechado e que o Brasil seria governado por uma junta militar, que em tese seria apolítica, formada por militares sem filiação partidária, sem que jamais tenham se posicionado politicamente como sendo de direita ou esquerda, que decidiria, de acordo com o desenrolar dos acontecimentos, como e quando o país teria as novas eleições.
A acusação principal contra o sistema atualmente em vigor diz que as urnas eletrônicas e o sistema de apuração não são confiáveis. Portanto, assim que a intervenção militar ocorresse a primeira providência seria fazer com que todo o sistema eleitoral seja reorganizado.
O tempo necessário para que isso seja feito ainda não foi possível de ser estimado.
Os funcionários do Tribunal Superior Eleitoral também estão longe de entrar no círculo de confiança dos militares e da sociedade que hoje está nas ruas, terão que ser substituídos, possivelmente realocados em instituições públicas completamente desligadas de questões eleitorais.
As Forças Armadas não possuem técnicos especializados em apuração de votos, organização de uma nova eleição etc. Portanto, diante de todos esses obstáculos, teriam que decidir se as novas eleições seriam também para o legislativo federal e estadual.
Possivelmente, por conta do trabalho intrincado para organizar eleições para o legislativo, os deputados recém-eleitos seriam mantidos.
Mas, todos sabemos, estarão aí incluídos todos os que se assumem como de esquerda ou de centro e – consequentemente – militares já iniciariam um governo provisório com uma combativa oposição. Seriam mantidos em seus mandatos? É uma das perguntas que ainda não foram respondidas, nos depoimentos coletados não se chegou a um consenso sobre isso.
Imagine que sejam imediatamente presos alguns dos ministros do STF, como a sociedade vai reagir? Como a esquerda do país e das nações ao nosso redor vai reagir?
Quanto tempo vai passar até que seja restabelecida a ordem? O país tem estrutura para resistir por quanto tempo às sanções internacionais?
Abaixo há uma visão panorâmica, obviamente hipotética e superficial, não há como detalhar ações, prazos, efetivos empregados etc.
Como seriam os primeiros dias após uma suposta intervenção realizada pelas Forças Armadas? Como será a implementação de um governo provisório.
E o cidadão civil, o que ele precisa fazer, comprar armas, estocar mantimentos, colocar alarmes em sua residência?
A INTERVENÇÃO MILITAR, AÇÃO
Após uma reunião a portas fechadas ocorrida durante toda a madrugada entre os três comandantes militares, o chefe do Estado Maior conjunto e o Ministro da Defesa, ficaria acertado quem seria o líder do processo. A seguir os comandantes se reuniriam com seus subordinados diretos. O Exército reuniria o ALTO COMANDO, a Marinha o Almirantado e a Força Aérea o Alto Comando da Aeronáutica.
Até esse momento todas as ações e informações seriam reservadas apenas aos oficiais generais no último posto e seu círculo de confiança, seu estado maior. Seria logo feita uma espécie de seleção e os muitos oficiais com ligações políticas seriam imediatamente convidados a se transferir para a reserva remunerada.
Nas reuniões seria estipulado quais seriam as primeiras medidas e – diante da exposição das exaustivas análises prospectivas já existentes – se definiria como seria enfrentado o inevitável quadro caótico em que seria atirado o país por um período de, estima-se, no mínimo dois anos, até que fosse possível organizar as novas eleições para ingresso em um novo período democrático.
Ninguém, nenhum militar, está satisfeito em pensar sobre essa situação, todos são cidadãos brasileiros, todos são chefes de família e – sobretudo – mais do que ninguém, os militares sabem muito bem o poder das armas, o poder dos exércitos e as imprevisíveis reações dos insatisfeitos. Uma ação dessa magnitude se sair do controle tem potencial para atirar não só o Brasil, mas toda a América latina, em uma situação de convulsão social.
A história mostra que não são raros os casos de crises internas que se estenderam para outros países. Portanto, essa preocupação passa também pela mente daqueles que tem o poder de decidir. Uma intervenção militar no Brasil poderia de fato desestabilizar toda a América Latina, levando-se em consideração que países periféricos já vivem em um estado de anomia social, cita-se Venezuela e Bolívia e outros oito países com os quais o Brasil faz fronteira.
A sociedade conservadora se ofereceria para auxiliar na transição para o novo período democrático, mas a princípio os militares não poderiam confiar em ninguém.
O PRIMEIRO DIA
Provavelmente, como uma das primeiras ações, uma tropa de elite do Exército ou da Marinha silenciosamente entraria nas residências dos líderes do Senado, Câmara e STF e os colocaria sob custódia. Eles seriam transportados para um local afastado, um quartel ou talvez um navio, para evitar manifestações, tentativas de resgate, contato etc.
Em poucas horas um deles proporia um acordo, em troca de salvo-conduto ou exílio viria a público expressar a concordância com a ação das Forças Armadas, proporia uma delação premiada gigantesca que colocaria as claras o que realmente aconteceu nos porões e salas secretas das instituições.
Alguém avisaria a imprensa do “desaparecimento” dos líderes, diria que viu “homens de preto” entrar nas residências oficiais e a notícia se espalharia como um rastilho de pólvora.
A grande rede entraria em convulsão.
Uma síntese das intenções das Forças Armadas já previamente articulada seria imediatamente veiculada em rede nacional para que toda a sociedade ficasse ciente da motivação e das ações que se seguirão.
Os primeiros países a se manifestar seriam Venezuela e Cuba, que emitiriam notas de indignação e insistiriam para que a ONU, OEA e os Estados Unidos se posicionassem contra o novo governo instaurado provisoriamente no Brasil.
Os americanos iriam aguardar um pouco, observar o viés do governo provisório e se poderiam tirar alguma vantagem da situação.
NO SEGUNDO DIA, ACORDANDO EM UM NOVO BRASIL
Haveria a princípio uma tentativa, por parte de algum parlamentar, de mobilizar a Força Nacional a enfrentar as Forças Armadas. Contudo, a própria Força Nacional, que muitos intervencionistas dizem que é “comunista”, hoje, além dos policiais dos estados, possui ex-militares das Forças Armadas, seria incorporada às forças do governo provisório.
Alguns estados da federação que possuem governos de esquerda inevitavelmente acionariam prontamente suas polícias militares e estas, colocadas de prontidão, guardariam as instituições públicas, como palácios dos governos estaduais, prefeituras e Assembleias Legislativas.
Estados com governos mais à esquerda como Bahia e Maranhão poderiam ser um problema. Há militares fiéis nessas corporações, sem contar que, provavelmente, os governadores fariam promessas de recompensas ilimitadas para os líderes das corporações e com isso é – infelizmente – quase certo de que haverá insatisfação e quebra de hierarquia em várias instituições das forças auxiliares.
Possivelmente essa questão seria a causa imediata de vários embates. As instituições militares estaduais são vistas como as primeiras com potencial para se desagregar.
SEGUNDA SEMANA
É esperado que em menos de uma semana a relação com as Forças Auxiliares do Centro-Sul do país esteja 80% negociada e pacificada.
As polícias civis e guardas prisionais podem ser um problema a enfrentar. Mas, as lideranças seriam rapidamente chamadas para participar da transição. A princípio os secretários de segurança dos estados, se fiéis ao governo provisório, seriam mantidos para evitar mudanças muito bruscas na gestão da segurança das unidades federativas.
GOVERNO PROVISÓRIO, POLÍCIA FEDERAL
Militares ouvidos acreditam que a polícia federal, que já trabalha em estreita ligação com as Forças Armadas, cuidadosamente informada de tudo poucos minutos antes da primeira ação, se manteria passiva por dois ou três dias. Após isso possivelmente se dividiria, com possibilidade de setores instalados nos estados declararem apoio aos governos locais.
Isso poderia trazer problemas graves para a organização do governo provisório.
É tido como obvio que a maior parte do judiciário também discorde da ação das Forças Armadas. Portanto, seria necessário grande realocação de magistrados, escolha de novos ministros e membros de colegiados, coisa que demanda muito tempo.
A Justiça Militar da União não tem hoje capacidade e legitimidade para julgar os crimes que seriam imputados a todos os políticos e cidadãos que tem alguma dívida legal ou que se opusessem violentamente a ação das Forças Armadas. Portanto, medidas burocráticas-legais precisam ser implementadas, como decretos, medidas provisórias. Evitar-se-ia usar o termo Ato Institucional.
Espera-se que outros órgãos e agências, nos níveis Federal, Estadual e Municipal, sem poder de opinar na questão política, se façam presentes dentro da nova estrutura de emergência e atuarão segundo os princípios previstos para as atuais operações de Garantia da Lei e Ordem.
Desta forma, será fundamental o estabelecimento de um centro de informações Interagências, que deve ter como sede a Agência Brasileira de Inteligência.
Todos os cargos de alto escalão da ABIN, que possui centenas de agentes civis, concursados, de vários vieses políticos, seriam preenchidos por militares dos serviços de informação das Forças Armadas e/ou auxiliares.
Os civis seriam transferidos para funções secundárias.
Os procedimentos para interligação de todos os serviços de inteligência das forças auxiliares/segurança pública que se mantivessem fiais ao governo implantado seriam iniciados e colocados em prática imediatamente. As agências que não declarassem apoio seriam desligadas do sistema.
Ainda no início da segunda semana seria implementado um CCOp (Centro de Coordenação das Operações), este deve ser organizado como um Estado-Maior ligado aos militares, no qual serão agregados representantes de outros órgãos de segurança aliados. Os poderes da ABIN seriam ampliados, enfatizando-se o interesse público de sua atuação e repreendendo-se qualquer possibilidade de participação de agentes ligados a partidos políticos.
A interação dos integrantes do CCOp se dará de acordo com os princípios norteadores de uma operação interagências e para que não se incorra em erros ocorridos no passado, deverá obrigatoriamente existir as seguintes seções.
Inteligência/contrainteligência – Assuntos Civis – Comunicação Social (imprensa, mídia, tv, internet, redes sociais) – Comunicações (incluindo Guerra Eletrônica e Defesa Cibernética) – Assessoria Jurídica e Operações Psicológicas.
Algumas das muitas ações a ser mitigadas são ligadas a sindicatos fiéis ao governo deposto, que junto com movimentos sociais, certamente – como um de suas primeiras ações – cruzarão os braços e paralisarão meios de transporte, refinarias e sistemas de comunicação.
A dura batalha na questão da infra-estrutura e logística deve então se iniciar na questão energética / transportes, produção de materiais essenciais, como o oxigênio para os hospitais.
É obvio que as Forças Armadas não teriam pessoal suficiente para suprir essas lacunas nas primeiras semanas após uma intervenção, os problemas mais difíceis se dariam na questão de infraestrutura e certamente o caos poderia começar por aí.
Todos os sindicatos sabem que para frear completamente o país não é necessário quebrar nada, fazer piquetes ou queimar pneus, basta que uma categoria essencial como caminhoneiros, funcionários das hidrelétricas, eletricitários ou operadores de telecomunicações cruze os braços.
Não será tão fácil achar quem os substitua rapidamente, militares não são especialistas em todos os assuntos e não possuem efetivo suficiente.
Logo, indicam as análises prospectivas, por ação de sindicatos ligados a esquerda – certamente faltaria transporte público e alguns itens básicos para a sociedade. A população seria aconselhada pelos militares a permanecer em casa na maior parte do tempo e somente membros de serviços essenciais leais ao governo possuíram permissão para ir e vir livremente.
Funcionários de hospitais e centrais de água e esgoto seriam obrigados por decreto a permanecer trabalhando.
O Movimento dos Sem-terra, Sem Teto, CUT e partidos radicais como o PSTU, fiéis ao governo esquerdista, se levantarão e em alguns pontos conseguirão por em prática suas táticas de guerrilha urbana há muito estudadas no manual de Mariguella e outros similares.
Estudantes das universidades federais filiados aos Diretórios estudantis se alinhariam aos militantes de esquerda e marcharão nas grandes cidades, promovendo estrondoso vandalismo e quebradeira.
Enfrentamentos podem ocorrer e dezenas ou centenas de jovens podem morrer e/ou se ferir.
Perto dos grandes centros as redes de distribuição seriam assumidas por militares, que com o tempo alinhariam os sistemas, conseguindo mantê-los funcionando com alguma eficácia, mas cogita-se que seria impossível manter um sistema funcionando a contento em nível nacional.
Acredita-se que nas áreas rurais usinas hidrelétricas e redes de energia seriam sabotadas com o objetivo de causar insatisfação, desestabilizando o governo provisório.
O CAOS ESTARIA AINDA NO INÍCIO
Na medida em que fossem coletados dados, o procedimento de informar a sociedade dos fatos seria feito diariamente em todos os grandes veículos de comunicação de massa.
Medidas rígidas e impopulares seriam impostas, como restrição do uso da internet, censura e fechamento de emissoras de rádio e TV.
O objetivo é evitar a organização da oposição.
Logo alguns militantes seriam presos preventivamente e interrogados. As acusações de “desaparecimentos” e “tortura” voltariam e seriam usadas para desacreditar a operação em andamento.
A oposição então usaria artifícios como rádios pirata e impressões clandestinas, e em declarações emocionadas e nostálgicas, evocando os anos 70, diria ao povo que os militares “deram o golpe” novamente, que “fizeram o mesmo que em 1964”.
Convocariam a sociedade para “fazer parte da história” e ir à luta pela “liberdade e democracia”.
Os líderes dos movimentos apelariam para a emotividade, alistariam os jovens das universidades, que estavam até então em combates desorganizados. Facilmente manipulados e com um sentimento de que são uma espécie de resistência democrática, similar ao que a esquerda diz que foi no passado, estes cantariam “hinos” como: “Caminhando contra o vento…” e ‘Bem vamos embora que esperar não é saber…”.
Assim estaria se criando um exército de esquerda, talvez financiado por Maduro ou Evo Morales
Seria como um replay dos anos 60/70
É possível que, por conta do caos generalizado, início da carência de itens básicos, falta de informações e intensa propaganda ideológica, parte da população, depois de uma ou duas semanas, demonstre de forma ostensiva grande insatisfação contra os militares e se some àqueles que se posicionam contra a ação das Forças Armadas, engordando mais ainda as manifestações em oposição nos grandes centros urbanos.
As forças armadas reprimiriam as primeiras manifestações da maneira menos violenta possível. Há sempre o risco de enfrentamento contra policiais avulsos e agentes de segurança ainda fiéis aos governos em meio aos insatisfeitos que estarão no meio do povo.
Infelizmente poderia ocorrer violência, mais feridos e mortos de ambos os lados.
A princípio os militares não acionariam reservistas, eles seriam um grande risco dentro da caserna, haja vista que uma parcela significativa da juventude brasileira – por meio de um processo lento e contínuo – se tornou insubmissa e avessa a tudo que se baseie em hierarquia e disciplina.
Não haveria tempo para adestramentos, treinamentos e seleções.
Muitos jovens de hoje enxergam desertores e terroristas do passado, que lutaram contra seu próprio país, como figuras em quem se espelhar. Por conta disso é muito mais seguro que, em um primeiro momento, o reforço no efetivo seja feito por militares profissionais transferidos para a reserva nos últimos 10 anos, que retornariam para o serviço ativo, a princípio ocupando funções burocráticas enquanto a tropa mais jovem seria deslocada para ações de cunho operacional.
Nos primeiros dias os militares das Forças Armadas teriam que assumir parte das funções de segurança pública em muitos locais, a tropa precisaria se concentrar nos grandes centros.
CAOS GENERALIZADO
É quase certo que o Brasil enfrentaria um longo período de gigantesco caos generalizado, talvez por muitos meses. Pelas proporções continentais do país, é impossível prever os desdobramentos dessa questão.
Seria um momento complicado. Exportações seriam prejudicadas por algum tempo, as consequências para o agro seriam catastróficas. A produção e transporte de carne, leite e outros itens geraria um aumento absurdo dos preços dos alimentos.
O atendimento nos hospitais também seria prejudicado pela falta de combustível e de funcionários, cirurgias seriam canceladas, pessoas precisando de atendimento urgente morreriam por conta do momento complicado, falta de itens necessários para a saúde. Isso é inevitável, é um dos preços que se paga por uma revolução no século XXI.
Alguns que hoje pedem uma ação mais radical, a chamada intervenção militar, tenderão a sentir o peso de suas decisões quando a situação se agravar e podem – mudando completamente de postura – tentar convencer os militares a recuar, acusando-os de arbitrários e, depois de algum tempo, chamando-os de golpistas, truculentos, dizendo que esperavam que soubessem administrar a situação e que são culpados pelo caos.
É provável que aliados tradicionais da esquerda desloquem tropas para áreas fronteiriças dentro de seus países – não com a intenção inicial de combater – mas ainda assim isso estrategicamente obrigaria os militares a deslocar grandes efetivos para essas regiões.
Pode haver até tentativas de solução de continuidade da federação, que o país se dívida. Estados com certa estabilidade podem requerer sua independência para se afastar da situação catastrófica do restante do país.
Se o comando militar do SUL, junto com as unidades da MB e FAB não ocuparem imediatamente espaços nas principais cidades da região, alguns podem tentar iniciar um processo de separação, algo que já é ensaiado há algum tempo pelos chamados “sulistas”.
Combatentes de Cuba, Venezuela e Bolívia vão ingressar clandestinamente no país e se aliar ao exército de insatisfeitos.
Líderes como Maduro veriam no caos uma nova chance de criar a utópica “pátria grande” bolivariana.
Da mesma forma que no passado militantes de esquerda se organizariam em grupos de guerrilha urbana. Certamente usariam até nomes de grupos do passado, como MR8 etc. Com ataques surpresa e ações do gênero os grupos espalhariam o terror nas noites das grandes cidades, sem se preocupar se estarão fazendo vítimas inocentes, como é de seu feitio. Hoje há maior facilidade em se adquirir armamento portátil, sem contar as armas que já existem nas mãos do crime organizado, isso tornaria as coisas mais difíceis ainda para as Forças Armadas.
Inimigos que surgem em guerras intestinas normalmente não respeitam convenções internacionais, uniformes e tipos ideais de armamento. Militantes de esquerda armados sempre se escondem em meio à multidão, expropriam propriedade alheia, se mantém à paisana e usam artefatos e métodos ilegais como bombas caseiras, veneno, incêndios criminosos e sequestros.
Muitas pessoas inocentes morreriam.
O enfrentamento seria bastante complicado e, como no passado, os tribunais revolucionários voltariam, qualquer militante que desistisse da luta ou colaborador que se negasse a pegar em armas seria executado pelos “companheiros”. Famílias inteiras identificadas como direitistas seriam sequestradas e mortas. A sociedade inevitavelmente se dividiria, agora de forma violenta, entre direita e esquerda. Um êxodo ocorreria, multidões se deslocariam em conjunto cada grupo se refugiando no território onde se sente mais seguro.
As mortes que ocorressem de forma clandestina nos tribunais revolucionários obviamente seriam “jogadas nas costas” dos militares.
Pessoas mortas “apareceriam” perto dos quartéis e alguém diria que viu um militar atirando.
Nas análises prospectivas constatou-se fortes indícios de que o crime organizado se aproveitaria da desorganização generalizada para saquear indiscriminadamente a sociedade e que possivelmente decidiria por apoiar indiretamente o governo deposto, realizando atentados contra militares e forças de segurança, haja vista que militares – por meio das GLO – há algum tempo já vem causando dificuldades aos criminosos comuns, atuando nos grandes centros com rigor e reforçando as fronteiras para reprimir o tráfico de entorpecentes e armas.
Só no Rio de Janeiro estima-se que os criminosos tenham em mãos cerca de 3.5 mil fuzis e um número maior ainda de pistolas e revólveres.
Alguns acreditam que a esquerda também usaria um exército de estudantes secundaristas – menores inimputáveis e facilmente manipulados – para atacar com violência e em grupo as forças de segurança fiéis ao governo. Estes poderiam ainda de forma sorrateira implantar artefatos explosivos em locais frequentados pela direita. Se reprimidos duramente, logo a esquerda espalharia boatos dizendo que “Militares torturam e prendem estudantes menores de idade”.
Alguns “apareceriam” mortos, seriam colocados também na conta das Forças Armadas.
Extremistas de ultradireita, com suas armas, criariam exércitos paralelos, milícias da morte, executando todos aqueles que em suas regiões não se enquadrassem naquilo que acreditam que é um perfil conservador.
Muitas pessoas têm dito nos campos para comentários que um governo corrupto mata muito mais do que uma guerra civil, que o desvio de dinheiro que poderia ser aplicado em saúde e saneamento acaba por ceifar milhares de vidas. Sem contar a criminalidade que ceifa dezenas de pessoas todos os dias.
Cada um tem direito de interpretar o quotidiano a sua maneira. Mas, as consequências do que se faz em grupo alcançam muitas pessoas e – portanto – todos têm o direito de discutir o assunto, de apoiar e de se opor.
Os militares sabem que ao longo da história mundial grandes parcelas da população se mobilizaram apoiando diversas bandeiras com slogans ligados a patriotismo e liberdade e que nem sempre os resultados foram positivos para a nação. Os alemães que se mobilizaram nos anos 30 são um grande exemplo. Indo às ruas, marchando e gritando slogans patrióticos, esse grupo foi o pilar que alçou Adolf Hitler ao púlpito mais alto, carregando para a morte mais de 6 milhões de judeus e outros milhões de militares e cidadãos civis de todo o mundo durante toda a segunda grande guerra.
Paramos por aqui com essa descrição fictícia, mínima e obviamente incompleta diante da quantidade enorme de variáveis possíveis. Cremos que foi possível ter uma pequena ideia de que uma “intervenção” é um processo extremamente complexo, não é uma ação isolada, não é algo simples.
Os acontecimentos acima descritos, e milhares de outros detalhes que um livro médio não comportaria, afetariam o TODO da sociedade brasileira, cerca de 200 milhões de pessoas por um período que pode ultrapassar 10 anos e com consequências inimagináveis.
O ÔNUS RECAI SOBRE OS MILITARES
Há grande risco – como já foi mencionado acima – de que a população, já pré-condicionada a crer que militares são autoritários e “torturadores”, se volte contra as próprias Forças Armadas. Essa possibilidade aumentaria na medida em que cresceria a insatisfação e insegurança geradas pela interrupção de serviços essenciais como telecomunicações, energia etc.
A cobrança pelos resultados será instantânea. “Os militares deram o golpe”, diriam. “os militares estão demorando a restabelecer a energia”, “os militares censuraram a internet”, “os militares não aumentaram meu salário”, “os militares não deram um jeito na segurança pública…”, “estou sem trabalhar por causa dos militares”…
E assim o número de insatisfeitos pode ir aumentando. Inevitavelmente em poucas semanas muitas pessoas estarão aglomeradas na frente dos quartéis gritando “fora militares”.
Ficam alguns milhares de questionamentos. Entre eles: Ao final dos processos legais, que poderiam durar anos, todos os criminosos seriam condenados? Ou sobraria alguém para reerguer-se das cinzas? Em pleno séc. XXI poder-se-ia bani-los do país?
A sociedade civil ajudaria os militares a aguentar a pressão interna/externa? Legalmente os partidos de esquerda poderiam ser extintos? Seus membros teriam os diretos políticos cassados ou depois de alguns anos retornariam com mais força e status de injustiçados, de heróis da democracia, inaugurando uma nova onda de revanchismo?
No momento atual entre a maior parte dos militares de alta patente ouvidos há compreensão que uma interrupção no processo democrático seria perigosa e com risco de ser mais vantajosa para a esquerda. Sairiam, seriam depostos a força carregando o status de heróis da democracia, derrubados por um chamado golpe militar.
Em poucos anos, a depender das providências tomadas, retornariam e poderiam receber gordas indenizações.
Por fim, os militares – muito cuidadosos – sabem que uma ação precipitada acabaria dando aos políticos da atualidade a oportunidade de ser reconhecidos novamente como vítimas de um golpe militar. Seriam de novo chamados de heróis da democracia e os que já estão presos por corrupção logo pegariam uma carona e ganhariam sua anistia bem remunerada. É preciso avaliar muito bem o que se pede, todos os que estão nas ruas estão mesmo dispostos a enfrentar as consequências?
Depois de um longo tempo – obviamente – tudo poderia voltar a ser como antes, menos os mortos, esses não podem retornar. Quanto ao país, lutaria por mais uns vinte anos para limpar as cinzas e se reconstruir.