É inegável que um número cada vez maior de militares da ativa tem se posicionado a respeito do que ocorre nos últimos dias no país. Um general no Nordeste do Brasil, ao se dirigir à tropa formada, na quinta-feira passada disse claramente que os manifestantes que pedem uma ação dos militares para esclarecer o chamado “problema das urnas” deveriam ser protegidos. O oficial disse ainda que determinações de outros poderes seriam ignoradas.
Esse oficial não é uma exceção, o número de militares que decide se posicionar aparentemente está aumentando.
É fato que outros oficiais e praças graduados das Forças Armadas já tem se posicionado e inclusive subido em palanques para expressar sua posição sobre o que aconteceu nas urnas no mês passado e – por último – o general Hamilton Mourão, vice-presidente, disse que país já vive em um estado de exceção.
Ao invés de um arrefecimento dos ânimos com o passar dos dias após as eleições, mesmo que a imprensa esteja claramente dando pouca cobertura aos eventos na frente dos quartéis, é perceptível que o ânimo de grande parte da sociedade continua ainda bastante “apimentado” e a impressão que hoje se tem é de que ao menor sinal de um oficial general ou do próprio Presidente da República o país entrará numa situação similar a que ocorreu em março de 1964.
“… estamos todos, de ambos os lados, por um fio para extrapolar o limite da paciência e qualquer coisa pode desencadear uma situação de exceção no país“, diz o Suboficial D.Silva, que estará presente ao evento do dia 25 de novembro.
A reunião dessa sexta feira (25/11) no Clube Naval no centro do Rio de Janeiro está registrada como um painel, um ciclo de palestras. Mas, o evento reunirá a nata da oficialidade, parlamentares e sociedade interessada no assunto. Os salões do clube são locais tradicionais de discussões sobre a política no país.
O próprio nome do evento: “O Brasil como última barreira contra o autoritarismo global” é bastante sugestivo. Todos os palestrantes são posicionados como conservadores e críticos do que ocorre hoje no país e alguns em artigos assinados tem se posicionado de forma veemente contra a chamada ditadura do STF.
Jornais alinhados com a esquerda, apreensivos, já mencionam o encontro como “bolsonarista” ou “golpista”. Eventos que reúnem grande número de militares sempre são considerados com apreensão em momentos em que a sociedade passa por transições ou vive crises entre as instituições.
Em 1964, o chamado “estopim” do ato ou intervenção militar perpetrada pelas Forças Armadas foi uma reunião realizada entre militares da Marinha no Centro do Rio de Janeiro. Os militares naquele momento estavam posicionados contra o comando da força, o que não é o caso nesse momento.
Outro evento similar, ocorrido no passado, foi alvo de ataques intensos da esquerda, quando grupos de manifestantes xingaram e até cuspiram em oficiais idosos quando estes se dirigiam para o Clube Militar.