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Senado Federal deve ter bloco de centro e de esquerda fortalecido pós-eleição

Pleito deste ano dará ao eleitor a possibilidade de escolher um candidato por Estado; de acordo com as pesquisas, PT pode se tornar segunda maior bancada da Casa

Casa conhecida por eleger parlamentares mais experientes, o Senado Federal passará nestas eleições por uma renovação minoritária. Em outubro, a população brasileira irá às urnas eletrônicas para escolher apenas um representante por Estado brasileiro que poderá ser eleito ou reeleito para exercer um mandato representativo durante a próxima legislatura nos próximos oito anos. Com a saída de um terço dos políticos da casa, partidos políticos trabalham com diferentes realidades. Uns buscam assegurar a sua permanência na Casa Alta, já que seu único eleito está em fim de mandato, enquanto outros buscam alçar a liderança no número de representantes no Legislativo. Com a iminente mudança provocada pela eleição, a equipe da Jovem Pan realizou um levantamento baseado no perfil dos parlamentares que deixarão o Parlamento em decorrência do fim do mandato, analisou as pesquisas de intenção de voto para traçar um raio-X do que o eleitor poderá esperar da próxima legislatura.

As pesquisas eleitorais mais recentes, como a série do Instituto Ipec (ex-Ibope), divulgada ao longo do último mês, trazem um panorama consolidado das disputas ao Senado Federal. Neste ano, 27 senadores – um de cada Estado e do Distrito Federal – encerram seus respectivos mandatos. Destes, 14 tentarão a reeleição. Os outros 13 se dividem entre os que vão pleitear novos cargos públicos (como é o caso do senador José Serra, do PSDB, que brigará por uma vaga na Câmara dos Deputados) e aqueles que devem encerrar, por ora, sua vida política. Entre os senadores de saída, há representantes de 13 partidos brasileiros, sendo o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que hoje ostenta o posto de maior bancada da Casa, com 13 representantes, e o Progressistas (PP), quarto maior na Casa, com 8 eleitos, as legendas com mais nomes em fim de mandato, com quatro representantes cada. Com isso, ambos perderão de 30% a 50% da sua representatividade no Senado. O PSD (segunda maior bancada do Senado) ocupa o segundo maior número de cadeiras, com 11 políticos eleitos, e irá perder três cadeiras no fim deste ano. Já Podemos, PT, PL, PSDB e o PTB contam com a saída de dois senadores. Pros, PDT, PSB e o União Brasil deixarão de ocupar uma vaga de senador cada. Em suma, se as siglas não conseguirem garantir novos eleitos, a disputa em 2 de outubro poderá representar uma renovação no Senado Federal e uma diminuição significativa dos partidos mais tradicionais.

Cenário provável

Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal candidato à Presidência da República, lidera como a sigla com maiores chances de vitória para o Senado Federal com cinco candidatos em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Atualmente, a legenda conta com sete representantes e, caso este cenário se concretize, a sigla poderá se tornar a segunda maior bancada com 10 senadores. Entre os petistas, as grandes expectativas se concentram no Ceará, com o ex-governador Camilo Santana conquistando 71% das intenções de voto; na Paraíba, com Ricardo Coutinho (30%); em Pernambuco, onde a aposta é Teresa Leitão (24%); no Piauí, com o ex-governador Wellington Dias (49%), e no Rio Grande do Sul, com Olívio Dutra, nome histórico da sigla, com 28%. Assim como o PT de Lula, o Partido Liberal (PL), sigla do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, também pode eleger cinco representantes nas eleições de 2022, podendo chegar a dez cadeiras no Senado Federal – igualando o PT e tornando-se a segunda maior bancada. No grupo dos liberais, os destaques ficam para o Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Rio de Janeiro, onde, respectivamente, a ex-ministra Flávia Arruda (31%); o ex-senador Magno Malta (27%); o atual senador Wellington Fagundes (39%); Mario Couto (15%) e o senador Romário (32%) são líderes nas pesquisas em seus respectivos Estados.

Na sequência, outro partido que também deve alavancar mais nomes entre os senadores é o União Brasil. A legenda, que vai perder um senador nestas eleições, tem três favoritos para a nova legislatura: Alan Rick, do Acre, com 29% das intenções de votos; Davi Alcolumbre, ex-presidente da Casa, com com apoio de 39% dos amapaenses para reeleição, e a deputada federal Professora Dorinha, do Tocantins, com 19% dos votos. Com a eleição destes nomes, a legenda – resultado de uma fusão entre PSL e DEM – poderá tornar-se a terceira maior do Senado. Já o Partido Socialista Brasileiro (PSB) pretende dobrar de tamanho, já que conta com duas cadeiras e perderá uma delas. Com a entrada de Flávio Dino, Márcio França e Valadares Filho, que lideram as pesquisas no Maranhão, São Paulo e Sergipe, respectivamente, a sigla de esquerda poderá sair de dois para quatro representantes. O Partido Social Democrático (PSD) conta com a saída de três senadores ao fim deste mandato e trabalha com outros três nomes alavancados na disputa: Omar Aziz, que presidiu a CPI da Covid-19 e tenta reeleição pelo Amazonas; Otto Alencar, que lidera na Bahia e busca a reeleição; e Raimundo Colombo, destaque do partido em Santa Catarina. Com isso, a sigla manteria sua composição de 11 nomes e passaria a ser a maior bancada partidária.

Em menor expressividade, outros sete partidos podem garantir ao menos uma nova cadeira no Senado Federal. É o caso do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), por exemplo. Embora seja líder nas pesquisas aos governos estaduais, a sigla patina na corrida à Casa Legislativa e tem Renan Filho, no Alagoas, como único candidato líder dos levantamentos eleitorais. Com a saída de quatro dos 13 nomes eleitos do Senado, a sigla deve contar com 10 representantes, passando de líder para a segunda maior bancada – junto de PT e PL. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) segue em declínio político e perderá duas cadeiras neste ano, contando apenas com Marconi Perillo, em Goiás, com uma candidatura competitiva. Os tucanos passariam de seis para cinco senadores eleitos. O Partido Social Cristão (PSC) corre o risco de abandonar o Senado, já que tem uma cadeira na Casa e esta está em fim de mandato, e vê sua única chance em Minas Gerais, com Cleitinho Azevedo; o Partido Democrático Trabalhista (PDT) aposta em Carlos Eduardo, no Rio Grande do Norte, para repor seu representante que deixará a Casa; o Republicanos tem o nome de Mariana Carvalho, em Rondônia, e trabalha para ampliar de uma para duas cadeiras; o Podemos, por sua vez, busca se consolidar com Álvaro Dias, no Paraná. Além deles, o Progressistas (PP) também disputa duas novas cadeiras, com a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina representando o Mato Grosso do Sul e o deputado federal Hiran Gonçalves, em Roraima. O partido pode diminuir sua presença no Senado, já que trabalha com duas candidaturas competitivas ante quatro parlamentares cujos mandatos se encerram em 2023.

Se as eleições fossem hoje, portanto, a composição do Senado poderia sofrer uma drástica mudança. Se os nomes que lideram as pesquisas confirmarem seus favoritismos, será possível enxergar um crescimento no número de representantes de esquerda – de 14 para 18, com PT, PSB, PDT e Rede -, e do chamado Centrão – de 16 para 18, com PP, PL e Republicanos. O número de 36 possíveis representantes entre o bloco de partidos de centro e de esquerda aproxima-se da maioria simples no Senado, composto por 41 senadores. Entre o eleitorado feminino, atualmente o Senado conta com 17 representantes mulheres. Destas, 11 foram eleitas na última legislatura, portanto, ainda permanecerão por mais quatro anos na Casa Alta do legislativo. Com seis saídas, as pesquisas indicam que outras cinco podem ser eleitas. Ou seja, a bancada feminina não sofreria uma perda significativa e deixaria de contar com uma cadeira.

Cenários alternativos

Apesar da liderança de alguns candidatos na pesquisa, há de se levar em conta as disputas que encontram-se acirradas e com possibilidade de virada até o dia 2 de outubro. Para este recorte, o site da Jovem Pan considerou a vitória dos segundos colocados nas pesquisas de intenção de voto daqueles que estejam com uma desvantagem de até 15 pontos dos primeiros colocados. Nestes casos, o União Brasil, por exemplo, poderia chegar a quatro vitórias, se garantisse a vitória de Sergio Moro (24%) no Paraná, de Efraim Filho (20%) na Paraíba, e de Delegado Waldir (18%) em Goiás, além de Davi Alcolumbre, que desponta no Amapá. A sigla perderia apenas para o Partido Liberal, que manteria o número de eleitos do primeiro cenário, com cinco novos senadores. Ao olhar para os segundo colocados nas pesquisas, o PT, por sua vez, reduziria o número de vitórias, elegendo apenas três senadores, assim como o MDB, o PP e o PSD. O PSB de Márcio França ficaria com duas cadeiras, assim como o PSDB, e o Podemos e Republicanos com uma cada, chegando a 10 partidos com novos eleitos.

Com este resultado, o perfil da Casa Legislativa também sofreria alterações moderadas. A nível de bancada, o MDB seria o destaque com 12 parlamentares, seguido do Partido Social Democrático, com 11 senadores, e do Partido Liberal e do União Brasil, que teriam 10 representantes cada. Ao todo, as quatro legendas somariam mais de 50% dos senadores apenas em quatro legendas. Com média representatividade, o Podemos e o Progressistas ficariam com 7 representantes cada; o PT, com oito e o PSDB, seis. Outros seis partidos somariam 10 cadeiras, separadas da seguinte forma: PSB (3), Republicanos (2), PDT (2), Cidadania (1), Pros (1) e Rede (1). Neste cenário, o PSC e o PTB não teriam nenhum representante no Senado Federal a partir de 2023. Por sua vez, as mulheres perderiam espaço entre os parlamentares, passando de 17 para 16 eleitas. Neste cenário, o poder ficaria mais concentrado no bloco de partidos que ocupam o centro ou atuam de maneira independente. Partidos de esquerda somariam uma cadeira a mais em relação à atual legislatura e alcançariam um total de 14 nomes do bloco, quatro a menos se considerado apenas o cenário em que quem lidera hoje será eleito em pouco menos de um mês. Ao comparar os dois cenários, é possível concluir que a Casa Alta terá uma maior bancada centrista ou com representantes de esquerda para os próximos anos.

JPan

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